Risque esta palavra - sugestões de atividades
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Risque esta palavra - sugestões de atividades

Atualizado: 23 de mai. de 2023

Hoje é dia de parceria aqui no blog. Para quem não sabe, sou uma Educadora Parceira da Companhia da Educação, o departamento de educação da editora Companhia das Letras. Durante a parceria, a cada dois meses, eu recebo um livro da editora para ler e recomendar para vocês, justamente com algumas sugestões de trabalho e atividade. O livro do mês é "Risque esta palavra", da Ana Martins Marques.


O trabalho com poesia em sala de aula é uma das funções mais difíceis da nossa profissão - no meu ponto de vista. Sempre fico receosa de fazer análises incorretas e/ou superficiais, ou então acabar usando os poemas apenas como um pretexto para fazer análises gramaticais e ensinar gramática. Quando se trata de poesia contemporânea, então, acho ainda mais desafiante. Por isso, fiz um post lá no nosso Instagram e pedi a ajuda dos nossos seguidores para montar esse post. O que você vai ler aqui são as sugestões propostas por algumas professores que acompanham nosso perfil

Sugestão da professora Vanessa Cavalcante

Primeiro de tudo indico o livro "Poesia na sala de aula" de Hélder Pinheiro. É excelente para nortear o trabalho com poema em sala de aula.


A partir disso, eu faço oficinas de leitura e criação poética livre, para eles perceberem que podem olhar o mundo e transformar suas percepções em poemas, faço leituras performática de poemas com temas relacionados ao cotidiano deles e a partir de temas que eles sugerem também. Só quando já trabalhei o conteúdo dos poemas e eles criaram familiaridade e desmistificaram a ideia de que poema é coisa chata, canônica e só de forma fechada, trabalho as questões formais, mas sem perder de vista os sentidos e significados provenientes do labor poético. Mostro o quanto são geniais as construções de sentidos e palavras que se transformam em poemas. Acredito no encanto e, por isso, dou voz e peço para que eles façam o mesmo.


Em muitos casos alio poesia à música para preparar o caminho e traçar pontes entre essas artes, em alguns casos, similares. Mostro poemas musicados e as diferenças também entre as artes. É um trabalho de formiguinha, mas é muito gratificante acompanhar as descobertas, encantos e aprendizados. Muitos deles saem das aulas com o desejo de serem poetas.



Sugestão da professora Tati Fadel

Acho interessante trabalhar sempre a ideia de que o poema é sim mais vago, mais metafórico, tem um COMO DIZER que é tão importante quanto o QUE DIZER. E também acho que estar junto com os alunos no processo de descoberta mais livre dos muitos sentidos pode ser uma experiência bem legal.



Sugestão da professora Meire Cesario

Algo constante nos poemas da autora é a metapoesia tematização sobre objetos, a forma de dizer condensada na maioria dos poemas, a força dos verbos no seu dizer, principalmente no início de cada estrofe, paralelismos... Pode explorar a significação a partir disso, fazer com que o aluno compreenda a poética da autora. Depois, partir para algo prático, leituras e performances, painéis ilustrativos a partir dos poemas, etc.

É possível concluir com uma atividade escrita que desse uma ideia de síntese sobre tudo que foi trabalhado sobre a poesia da autora.



Sugestão da professora Natasha Magno

Já trabalhei com o poema "Eu tenho quebrado copos", de um outro livro da autora, "O livro das dessemelhanças", em que o eu-lírico tem se apegado ao cotidiano e quebrado copos e vai pensando na fragilidade humana e na irreversibilidade das nossas ações, unindo os fragmentos (do copo e da vida) e pensando em si mesmo(a). Apresentei o poema, li com os alunos e analisamos, depois pedi que os alunos fizessem um relato de um objeto a partir do qual eles ressignificaram algo, assim como no poema. Essa atividade fez muito sentido principalmente por ter sido realizada durante a pandemia. Os relatos produzidos pelos alunos foram publicados no Padlet junto com uma imagem do objeto. Também li/analisei com os alunos a crônica "Exame de sangue", da Adriana Falcão, em que ela reflete sobre a sua vida durante essa ida ao exame. Como podem ver, trabalhei diversos gêneros (poema, relato e crônica) a partir de uma mesma temática.


Em um outro momento, trabalhei poesia com outra turma a partir de uma coletânea de poemas contemporâneos que eu elaborei, dentre os quais estavam 3 poemas da Ana Martins Marques. Os alunos deveriam escolher um dos poemas para analisar. Fiz um manual para guiar a análise dos alunos: primeiro analisar a estrutura (métrica, rima, estrofe, versos livres ou não etc), depois a temática, o contexto histórico e a biografia do autor - de que forma tudo isso se conecta no poema?


No caso do livro deste post, sugiro seguir esse viés de como analisar um poema para que os alunos tenham a oportunidade de fazer sua própria leitura/análise. Além disso, penso ser interessante analisar a temática que perpassa todo o livro, buscando entender por que os poemas foram organizados nesta lógica/ordem.


Uma seguidora também recomendo os vídeos da Aline Aimee sobre a autora. Segue um deles abaixo.


Agradecemos a todas as professoras que contribuíram com este post :)



 

Na seção PARA LER NA ESCOLA, você vai sempre encontrar resenhas de livros literários (também conhecidos como paradidáticos) que são adequados para ler com os alunos do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio. Também haverá sugestões de atividades, exercícios e temas que podem ser trabalhados com os alunos durante a leitura.

 

Risque esta palavra

Ana Martins Marques

Lançado em 2021, 120 p.

Editora Companhia das letras


A poesia de Ana Martins Marques atesta que as palavras são capazes de tudo: de absorver o que está ao redor – na tentativa de compreender o mundo –, mas, sobretudo, de criar novos mundos. Em seus versos, que nascem da observação e da curiosidade, a linguagem às vezes serve para pensar. Outras vezes, as palavras são deixadas de lado e dão lugar a um "buraco/ cheio de silêncio". E então a poeta conclui: "um poema não é mais/ do que uma pedra que grita".

Em Risque esta palavra, uma das vozes mais celebradas da literatura hoje cria uma espécie de inventário de experiências afetivas. Com clareza, inquietação e extrema habilidade, Ana Martins Marques mapeia os encontros e desencontros, a paixão e o luto, e prova que "quase só de palavras/ se faz o amor".


Indicado para: Ensino Médio

Temas: poesia contemporânea

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